Sofrimento humano

Hoje, quando saí de casa para vir para o trabalho deparei-me com uma cena pungente, um senhor descia a rua em que eu moro, que é muito íngreme, se apoiando em uma bengala; como eu fiquei com medo de que caísse dei ré no carro e fui ver se ele precisava de ajuda.

Comecei então a conversar com ele que me disse ser pedreiro, tendo sido trazido do interior para cá pelo antigo patrão, e que após um acidente de trabalho em que quebrou a bacia e teve a garganta perfurada, o abandonou; para piorar ainda mais a situação ele ficou cego.

Tudo o que ele, que não pode mais deitar-se, sentar-se, e se alimenta de soro porque não consegue mais engolir sólidos, quer é voltar para a sua cidade; e dizia-se profundamente agradecido a nosso senhor JESUS CRISTO, por estar passando por essas provações, que muito o tem ensinado.

Ele me disse, que antes quando tinha saúde e podia enxergar perfeitamente, ignorava todo o sofrimento que via a sua volta, e que, quem sabe agora que está cego consiga finalmente enxergar as verdades que antes não via, disse também que em nenhum momento desejou mal ao antigo patrão, e algoz, que o abandonou depois do acidente, e que tem esperança de que logo DEUS o leve dessa terra.

Ele queria vender alguns tapetes para poder conseguir dinheiro para voltar para a sua terra, e eu, e mais uma senhora que passava o ajudamos; eu queria mesmo é recolhe-lo a minha casa, alimenta-lo e leva-lo a rodoviária com a passagem paga; ele disse que não precisava pois tinha conseguido uma empresa de ônibus que iria tirar um dos bancos para poder leva-lo em pé até Lages, e que dali ele iria para a sua cidade onde espera morrer em paz.

Essas histórias são tão tristes que a maioria de nós evita sequer saber a seu respeito, mas será mesmo que devemos evita-las, o melhor, na minha opinião, é aproveitarmos todas as oportunidades que DEUS coloca em nosso caminho para ajudar aos necessitados, que muitas vezes mais do que de dinheiro, necessitam de alguém que converse com eles e os ouça.

O que mais me impressionou nesse senhor é o seu depreendimento da matéria, pois ele em nenhum momento me pediu dinheiro, tive até de insistir para que ele o aceitasse, e não quis que eu o acolhesse em casa, preferindo seguir o seu caminho para poder pegar o ônibus e voltar para o alberge onde está.

Muitas vezes também temos medo de ajudar pensando que podemos estar sendo enganados, eu acho que as vezes em que ajudamos a quem “não merece”, são amplamente compensadas pelas vezes em que ajudamos a quem merece, e que por isso devemos ajudar sem olhar a quem, com a alegria de quem agindo assim agradece a DEUS.

Fiquei muito comovido com tudo isso, e resolvi escrever para desabafar, e contar aos que lerem que a sensação de ajudar a alguém é tão boa que não têm dinheiro que pague.

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